Cuida

Quando é hora de procurar psicoterapia? 

Por Eugênio Donadia

Todos nós, em algum momento, já nos vimos tomados pelo desafio de lidar com o turbilhão interno de sentimentos, pensamentos e emoções inquietantes. 

Faz parte da jornada da vida enfrentar algumas dificuldades, seja no âmbito pessoal (consigo mesmo), familiar, no campo dos estudos/trabalho, relacionamentos… É mais do que natural se sentir triste, ansioso, frustrado, inseguro, agitado ou nervoso, etc. São reações esperadas.

Em algumas situações, geralmente após desabafar com um amigo, colega, parente íntimo, ou até mesmo com o passar do tempo, esses sentimentos se aliviam, a situação aparentemente é contornada e os conflitos se dissipam. Mas em outros tantos casos, esses conflitos podem permanecer com a gente, como se fossem fantasmas, nos assombrando diariamente e involuntariamente. E daí inseguranças, ansiedades, baixa autoestima, dificuldades corriqueiras acabam tomando nosso dia a dia. 

Se intensificam o desânimo para fazer coisas ou estar com pessoas, a impaciência para lidar com questões corriqueiras ou a vontade de fugir dos problemas (bebendo, comendo, fumando, comprando, saindo…). A gente passa a não conseguir lidar com a gente mesmo e com nosso entorno.  

Quando nossas emoções passam com frequência a atrapalhar a rotina de um modo geral, diminuindo ou aumentando o sono, o apetite, a libido, disparando o estresse, reduzindo a vontade de fazer coisas triviais e trazendo ansiedade e pensamentos negativos é preciso buscar auxílio de um profissional da Psicologia.

Infinitos são os motivos que levam alguém a buscar um psicólogo: problemas de relacionamentos amorosos e/ou familiares, dificuldades no trabalho, sentimentos de inferioridade, adoecimentos que causam impacto significativo na vida, ideações suicidas, luto e perdas, situações traumáticas e abusivas entre outras tantas. Vale lembrar que o motivo não precisa necessariamente ser urgente e doloroso; pode ser a vontade de encontrar um melhor equilíbrio e autoconhecimento, para florescer o desejo/necessidade de iniciar um processo de psicoterapia. 

A psicoterapia é o tratamento que permitirá a investigação, o acolhimento e a elaboração dessas situações conflitantes, muitas vezes inconscientes, que acabam despertando emoções complexas e difíceis de enfrentarmos sozinhos. Espera-se que com os encontros, geralmente semanais ou quinzenais, a pessoa passe a se conhecer mais e melhor, tolerar algumas frustrações, entender o que é importante e significativo para si, acarretando mais autonomia e autoestima para superar as dificuldades da vida. 

É importante sempre buscar profissionais formados em Psicologia, com CRP ativo, uma vez que diversas pessoas, com discursos milagrosos, encantadores que se dizem terapeutas, coaches, podem acabar bagunçando ainda mais a vida de quem os procura, com técnicas duvidosas e perigosas. Mexer com feridas emocionais requer cuidado, tempo e muito, muito, muito estudo. Não é um processo rápido e fácil, nem para o paciente, nem para o psicólogo. 

E nem precisa ir muito longe. No SUS (Viva o SUSão!) é possível encontrar ótimos psicólogos à disposição da população. A forma de acesso aos serviços prestados pelos “psis” se dá, principalmente, via Unidade Básica de Saúde (UBS), o bom e velho Postinho. Cada UBS tem um funcionamento particular, de acordo com os profissionais e serviços disponíveis, então basta procurar a Unidade de referência e se informar sobre os encaminhamentos necessários para usufruir do serviço (seja ali na própria unidade ou em outros centros de serviços da rede SUS). 

De modo geral, nós profissionais da Psicologia percebemos o quanto as pessoas relutam para buscar apoio emocional. Se para uma dor física nós logo recorremos a um especialista médico, por que temos tanta dificuldade para buscar apoio para nossas dores emocionais? O nosso corpo é um só, cuidar da nossa mente é cuidar desse mesmo corpo e aliviar a alma. É se amar e amar quem nos ama! 

Vamos nos cuidar?

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