Por Carol Sarmento
Hoje é dia da cultura, 5 de novembro. E o fato de ser hoje a data escolhida se deve ao nascimento, em 1849, de Rui Barbosa, um dos maiores influenciadores brasileiros no cenário político e cultural. Rui Barbosa nasceu na Bahia, foi advogado, político, jurista, jornalista, escritor e diplomata, lutou pela república e contra o regime escravocrata, foi responsável por mudanças sólidas que estipulavam o ensino gratuito e laico para brasileiros, da infância até a universidade. E é dele a frase “não é possível estar dentro da civilização e fora da arte”. Perdoe-me um dos meus baianos preferidos, mas gostaria de parafraseá-lo: não é possível estar dentro do cuidado de gente e fora da cultura.
Entendemos por cultura os vários elementos que compõem os conhecimentos, crenças, valores, costumes, tradições, arte e hábitos que são compartilhados por um grupo de pessoas, em determinada sociedade, em um dado período do tempo. São coisas que nos compõem enquanto gente, que nos faz ser gente. E advogo que se pudermos entender dessas coisas, tão melhor cuidaremos de gente.
Uma vez que nos propusemos ser cuidadores de pessoas enquanto profissionais da saúde, temos que entender que nossas percepções e entendimento sobre as relações imbricadas nesse cenário são influenciadas por elementos que compõem nossa cultura. Quer exemplos práticos? Entender cultura facilita entender as dimensões que nos compõem enquanto humanos (física, social, psicológica, espiritual), influencia como nos enxergamos e as dimensões do nosso corpo, permite compreender as diferenças entre gêneros e etnias diante de procedimentos e propostas de tratamento e intervenções, nos capacita a melhor abordar questões que permeiam a espiritualidade frente ao adoecimento e o morrer, ajuda a melhor perceber o papel da família e do entorno social diante do processo e experiência de doença.
Entender sobre cultura possibilita que haja troca genuína entre profissionais e pacientes, entendimento mais ampliado das realidades das pessoas dentro dos cenários que vivem, melhora a comunicação, gera maior adesão às orientações e tratamentos propostos, aperfeiçoa a visão do papel dos profissionais enquanto cidadãos e partícipes da sociedade.
Para terminar, gostaria de advogar aqui que entender sobre cultura, sobre seus elementos e as coisas que nos representam enquanto gente nos permite ser mais humanos, compassivos e capazes de superar as insensibilidades e desumanização que são corriqueiras nas práticas de saúde. E, se me permite um conselho: faça questão de entender, estudar, aprender sobre cultura para ser um melhor agente de cuidado.