Por Janaína Garcia
Nossas perspectivas para o verão 2023/24 são de temperaturas altas, ultrapassando máximas históricas no mesmo período. Esse calor excessivo deve-se ao aquecimento global associado ao fenômeno climático do El Niño e a previsão é que as altas temperaturas sejam sentidas até meados de abril/2024.
Tivemos recentemente um ocorrido trágico, amplamente noticiado pela imprensa: a morte de uma fã da cantora Taylor Swift no dia 17 de novembro de 2023, período marcado por altas temperaturas no Rio de Janeiro. O termômetro no dia do show ultrapassou a marca dos 40°C, com uma sensação térmica de 60°C. O laudo da necropsia, liberado no dia 27/12/23, concluiu que a morte da fã se deu por uma exaustão térmica que culminou com o quadro de choque cardiovascular, comprometimento grave dos pulmões e parada cardiorrespiratória.
Quando a temperatura ambiente é maior que 35°C, o fenômeno da evaporação é responsável por praticamente toda a dissipação de calor. Entretanto, a eficácia da sudorese é limitada pela área de superfície do corpo e pela umidade do ambiente. Quando a umidade ultrapassa 75%, essa perda de calor por evaporação diminui acentuadamente. Assim, se a temperatura e a umidade do ambiente forem altas, o risco de doenças por calor aumenta drasticamente.
E o que seria essa exaustão térmica? É uma perda excessiva de sais (eletrólitos) e líquidos devido ao calor intenso, que leva a uma diminuição do volume sanguíneo efetivo, com múltiplas consequências nos órgãos e, em casos mais graves, podendo levar à morte. Ela é um problema grave e evitável. Pode ser desencadeada por exposição ao calor, desidratação e esforço físico excessivo. Se não for tratada adequadamente, a exaustão térmica pode evoluir para um estado mais grave, como a insolação, que demanda atendimento médico imediato.
Sintomas de exaustão térmica
Os sintomas de exaustão pelo calor tendem a ser inespecíficos e são parecidos com os sintomas de outras doenças, o que dificulta sua identificação. Os principais sintomas seriam:
- Tontura ou sensação de desmaio iminente;
- Fraqueza e fadiga;
- Dor de cabeça;
- Visão embaçada;
- Dores musculares;
- Náusea e vômitos.
Além disso, podem vir acompanhados de cãibras musculares e perda da consciência, bem como uma sudorese profusa. Os sinais vitais se alteram e podemos identificar frequência cardíaca e respiratória mais rápidas, e a pressão arterial pode ficar mais baixa. Ao contrário da insolação, na exaustão pelo calor não há confusão e incoordenação motora. Além disso, a temperatura corporal costuma ser normal e, se elevada, geralmente não ultrapassa os 40°C.
Como amenizar os sintomas da exaustão térmica?
A primeira recomendação é descansar em ambiente fresco. Outra medida importante é a reposição de líquidos e sais, por via oral (com uma bebida esportiva ou o soro caseiro) ou por via intravenosa. Retirar o excesso de roupas e umedecer a pele com uso de panos úmidos também auxiliam no resfriamento. Em geral, há uma pronta e rápida recuperação após receber líquidos.
Como prevenir a exaustão térmica?
Seguem algumas medidas preventivas e dicas que podem ajudar:
- Hidrate-se regularmente: beba bastante água e outros líquidos. Evite bebidas alcoólicas e com cafeína, pois elas podem desidratar o corpo.
- Vista-se adequadamente: use roupas leves e soltas, sobretudo de cores claras. Proteja-se do sol usando chapéu, óculos escuros e protetor solar.
- Mantenha-se fresco: fique em ambientes frescos e com ar-condicionado sempre que possível. Mas, se indisponível o ar-condicionado, use ventiladores ou tome banhos frios para se refrescar.
- Tome precauções em aglomerações e atividades desportivas: tente evitar atividades físicas extenuantes durante os horários mais quentes do dia. Evite exposição direta ao sol por longos períodos, hidrate-se e fique atento aos sinais de exaustão térmica como tontura, náusea, fadiga e dor de cabeça. Se sentir algum desses sintomas, procure um local fresco e sombreado e hidrate-se.
- Organizadores de eventos: é possível evitar situações de exaustão térmica por meio da conscientização dos frequentadores e dos organizadores. Há necessidade de um fornecimento facilitado de líquidos, como ilhas de água espalhadas por todo o espaço, durante os eventos. Evitar o uso de placas de metal e/ou materiais que retenham o calor como piso. O principal objetivo deve ser sempre garantir a segurança e o bem-estar de todos.
Com o intuito de conscientizar a população frente ao risco de manutenção das temperaturas altas, o Ministério da Saúde (MS) elaborou uma nota técnica com orientações para a população, empresas, serviços médicos e gestores públicos. O ministério também reforçou a importância de redobrar cuidados com crianças e idosos, grupos mais vulneráveis às oscilações de temperatura. Pessoas que vivem em situação de rua, populações privadas de liberdade e pessoas que vivem em ilhas urbanas de calor, principalmente em cidades populosas e em condições precárias de habitação e saneamento, também foram listados como especialmente vulneráveis. O site https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/onda-de-calor aponta esclarecimentos e informações importantes sobre as ondas de calor, assim como dicas práticas. Divulgue! O conhecimento salva vidas!
