Cuida

Arte e Cuidado

Por Luiza Testa

A arte está entrelaçada ao nosso cotidiano e, mais do que um mero acessório, é essencial para a humanidade, manifestando-se sob diversas formas e imagens, de pinturas expostas em uma galeria até criações digitais que proliferam na internet, passando pela música, pela dança e por tantos outros formatos. Os primeiros registros daquilo que podemos chamar de arte datam da Idade da Pedra e, desde então, a arte vem influenciando e sendo influenciada pelo momento histórico, refletindo e moldando as normas, valores e identidades da sociedade. Ela atua como um espelho e um motor, captando tendências culturais e, ao mesmo tempo, impulsionando novas maneiras de ver e entender o universo. 

Vivemos em um mundo saturado de informações e tensões e isso se reflete nas expressões artísticas. No entanto, a arte oferece não apenas uma janela para a reflexão sobre o mundo contemporâneo, mas também um espaço para introspecção e cura pessoal. Nesse cruzamento entre arte e autocuidado, encontramos um refúgio para nossas expressões e emoções, um lugar onde podemos refletir, curar e redescobrir a nós mesmos.

Selecionamos cinco exposições atualmente em cartaz em São Paulo que mergulham nesse tema e revelam diferentes facetas dessa jornada íntima, um caminho entre o artista e o público: “Quase Circo”, de Carmela Gross, provoca uma análise da forma como o ambiente urbano molda a identidade, encorajando uma relação mais consciente com o espaço ao nosso redor; “Topografia da Memória”, de Sallisa Rosa, mergulha nas raízes e memórias, proporcionando um espaço meditativo ao sublinhar o papel do passado no processo de autocuidado; a exposição do renomado artista Francis Bacon no MASP desvenda as complexidades do íntimo e evidencia a vida e as interações humanas; “Funil”, de Isay Weinfeld e Lucas Jimeno, questiona a influência do ambiente físico na mente e no bem-estar ao abordar a interação entre espaço e percepção e, por fim, a potente exposição “Corpo-Casa”, por sua vez, desenterra a conexão entre o físico e o espacial. Saiba mais sobre cada uma delas:

Quase Circo – Carmela Gross. O Sesc Pompeia apresenta a exposição “Quase Circo” de Carmela Gross, com curadoria de Paulo Miyada. Situada em um marco arquitetônico de São Paulo, a mostra explora a interação entre os trabalhos da artista e a obra icônica de Lina Bo Bardi. Conhecida por suas grandes instalações, Carmela Gross nos faz repensar a forma como vivemos, percorremos e ocupamos a cidade e o impacto disto em nossa saúde mental. A exposição se destaca pelo uso de elementos luminosos e uma obra inédita intitulada “Gato”, inspirada em Bo Bardi. Em cartaz até 25 de agosto.

Sesc Pompeia. Rua Clélia, 93 – Água Branca, São Paulo. Aberto de terça a sábado das 9h às 22h e aos domingos das 9h às 20h. Gratuito.

Topografia da Memória – Sallisa Rosa. Na Galeria Praça da Pina Contemporânea, Sallisa Rosa apresenta “Topografia da Memória”, sua primeira grande instalação em cerâmica, com curadoria de Thiago de Paula Souza. Esta instalação imersiva, anteriormente exibida em Miami, reflete sobre memória e erosão tanto do solo quanto do ser, criando uma paisagem imaginária com mais de 100 peças de argila. A artista explora a cerâmica, material intimamente ligado ao tema do auto-cuidado,  como um repositório de memórias. Em cartaz até 28 de julho.

Pinacoteca do Estado de São Paulo. Praça da Luz, 2 – Luz, São Paulo. Aberto de terça a domingo, 10h às 18h.Preço: de segunda a sexta, R$ 16 até 3h – R$ 28 até 6h. — Sábado e Domingo, preço único de R$ 16 até 12h30. Após 12h30, preço único de R$ 28.

Francis Bacon: A Beleza da Carne. O MASP, em São Paulo, acolhe a primeira exposição individual de Francis Bacon no Brasil, destacando a abordagem queer em seu trabalho. Com curadoria de Adriano Pedrosa e Laura Cosendey, a exposição inclui 23 pinturas que exploram temas de desejo, corpo e ambiguidade. As obras revelam a tensão entre excitação e violência, especialmente refletindo sobre as experiências pessoais e relacionamentos do artista, o que leva o espectador a, involuntariamente, encarar sua própria intimidade. Em cartaz até 28 de julho.

MASP. Avenida Paulista, 1578 – Bela Vista, São Paulo. Aberto de terça a domingo, das 10h às 18h. Preço: R$ 70,00.

Funil – Isay Weinfeld e Lucas Jimeno. Casa SP-Arte inaugura a exposição “Funil” de Isay Weinfeld com colaboração de Lucas Jimeno, parte do Circuito SP-Arte. A mostra, situada em uma casa dos anos 30 em São Paulo, provoca reflexões sobre a natureza do espaço expositivo e a relação entre arte e ambiente doméstico. Weinfeld, conhecido por seu minimalismo, apresenta um espaço repleto de obras e objetos, convidando o público a questionar as fronteiras entre a arte e o cotidiano, entre o outro e si próprio. Em cartaz até 10 de maio. 

Casa SP-Arte. Alameda Ministro Rocha Azevedo, 1052, São Paulo. Aberto de terça a sexta das 10h às 18h; sábado das 11h às 16h. Gratuito.

Corpo-Casa: Diálogos entre Carolee Schneemann, Diego Bianchi e Márcia Falcão. O Pivô, localizado no edifício Copan em São Paulo, traz a exposição coletiva “Corpo-Casa: Diálogos entre Carolee Schneemann, Diego Bianchi e Márcia Falcão” de 6 de abril a 7 de julho de 2024. A mostra reúne vídeos e documentos de Schneemann, instalações de Bianchi e pinturas de Falcão, explorando temas de identidade, gênero e violência. As obras desafiam percepções tradicionais, oferecendo uma crítica à forma como vivemos, da cultura de consumo às relações sociais contemporâneas.  Em cartaz até 7 de julho.

Pivô Arte e Pesquisa. Avenida Ipiranga, 200 – República, São Paulo. Aberto de terça-feira a sexta-feira das 13hs às 20hs e sábados das 13hs às 19hs. Gratuito.

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