Por Carol Sarmento
Preciso confessar uma coisa. EU GOSTO DE REDE SOCIAL. Pronto, falei. E me recuso a escrever sobre esse assunto sem ser honesta com você que me lê. Aprecio a ideia de me conectar com pessoas que conheci na infância e na adolescência Brasil afora, ver gente querida em suas atividades diárias, acompanhar o crescimento das crias dos amigos, os encontros da vida real, as selfies biscoteiras, as frases cafonas de efeito moral (quem nunca?). Perco tempo bisbilhotando as conexões non sense dos posts, os comentários. Sigo algumas (poucas) influencers e, sim, me permito ser influenciada por elas nos looks despretensiosos, na decoração da casa, no sapatinho bonito, na maquiagem cruelty-free.
Gosto mais ainda da ideia da função social da rede. Penso que ali pode ser um terreno útil para semear boas práticas, ideias com fundo social propositivo, hábitos, verdades científicas, influenciar positivamente para melhores escolhas quem se encontra sob nossa influência – mesmo que pequena. Ali é lugar onde se influencia e se é influenciado – muitas vezes em proporções diferentes e não da mesma ordem.
O Janeiro Branco está na reta final, e quero propor a reflexão: como anda a influência da rede social em relação à sua saúde mental? Objetivamente: sobre como anda sua ansiedade no dia a dia, sobre a frustração de não ter o combo pele, corpo e look tidos como desejáveis e facilmente alcançáveis, sobre sua incapacidade de se mostrar sem usar um filtrozinho, nem que seja para disfarçar as olheiras, sobre a irritabilidade experimentada com as falas e posturas que terceiros ostentam como verdade absoluta, com a distância da vida real e das relações que são vívidas e benfazejas, com os sintomas depressivos que se agudizam diante da tela do celular? Eu gostaria demais de dizer que essa listinha aqui não faz sentido, mas, infelizmente, compartilhamos todos os infortúnios, a dependência e as consequências das redes no bem-estar mental, na capacidade de conexão, concentração e de experimentar coisas reais.
Vou enumerar algumas coisinhas que me proponho a fazer, a partir deste janeiro e, se você quiser me acompanhar, vamos juntos! Topo compartilhar e conversar sobre as suas dúvidas, se você se animar. Me proponho a deixar de seguir (dar aquele famoso unfollow) em quem não propõe uma conversa real, factível e científica – especialmente se for profissional da saúde. Disse desavergonhadamente que vacina está matando geral? Unfollow. Disse que sorinho amarelo faz bem à saúde, ajuda a emagrecer, ter foco, ter disposição? Dedo no botão deixar de seguir! Trabalha com cuidados com a pele (alô dermatos!) e insiste em se mostrar usando filtro nas redes? MANODOCÉU, não! Sabe aquela influencer que insiste em vender a vida irreal e pouquíssimo possível de alcançar para meros mortais, e umas mentirinhas tipo “consegui essa barriga com água morna, limão e cúrcuma”? Não dá! Vamos deixar de seguir e monetizar a creiça!
Minha lista de resoluções segue:
– não fazer refeições com o celular na mão, mesmo que seja pra responder mensagens despretensiosas;
– desativar notificações automáticas;
– estabelecer que terão momentos do dia em que não estarei ligada nas redes: nos passeios com a doguinha, durante a atividade física (pode a foto de incentivo antes ou depois, tá?), quando me propuser a ter o tempo de leitura, quando for ouvir música;
– não usar filtros que alterem a minha aparência (ah, vocês vão me ver de olheiras e espinha na cara, ah se vão!).
– E, agora, o que acho mais difícil, mas me proponho: assim que acordar e antes de deitar, não bisbilhotar as redes sociais. Pesado? Não acho que vai ser fácil, extremamente fácil, mas estou disposta.
Quando a gente conseguir entender que o maior desafio para viver nesses tempos modernos reside em priorizar a saúde mental e fazer todo o possível para cuidar das nossas emoções e relações, vai ser menos duro fazer escolhas e mudar nossos hábitos em prol de bem-estar e bem viver. Vamos juntos?
P.S.: Conta pra mim, sua rede social faz bem ou faz mal pra você. Manda DM, e-mail ou sinal de fumaça, caso você queira compartilhar suas experiências e ter uma conversa sobre as coisas que estou propondo aqui. Prometo que vou ler e responder. De coração.